quinta-feira, 11 de abril de 2013

UMA HISTÓRIA MAL CONTADA

Imagem: libertas.com.br
Na última quinta feira, 11 de abril de 2013, o jornal Gazeta do Povo, em seu caderno Vida e Cidadania, publicou matéria acerca do tema adoção, reiterando argumento à exaustão utilizado: o de que a morosidade nos processos de adoção em nossa justiça é culpa exclusiva das exigências realizadas pelos pretensos adotantes.
 O título não poderia resumir de forma mais precisa e concisa uma visão que é unilateral, ao expressar-se: "Pais exigentes dificultam adoção".
 Em que pese os respeitáveis anos de trabalho jornalístico prestados por este jornal à população de nosso estado do Paraná, vê-se aqui que a matéria publicada, na qual consultou-se apenas um dos lados envolvidos na crítica atual do instituto da adoção, pende para um viés com pouca capacidade de refletir a realidade da questão em sua totalidade de cores.
 Já se noticia há décadas este sofisma, de serem exclusivos responsáveis pela morosidade os adotantes e seus critérios. Porém, o que se nota é que sempre essa história é contada por somente um dos lados, que tem pouco ou nenhum interesse de sobrelevar outros importantes (e quiçá preponderantes) motivos pelos quais a adoção é literalmente negligenciada naquilo que seria um padrão mínimo de eficiência para perfectibilzar o interesse das milhares de crianças que se encontram à deriva estejam ou não no cadastro de adoção.
 Com a devida licença, mas é de se acreditar que seria regra básica do jornalismo dar ouvidos (ou pelo menos tentar) a todos os lados de uma história, senão não é jornalismo, é propaganda.
 O MONACI apresenta sua nota de repúdio à forma simplista com que a questão da ADOÇÃO é abordada pelas autoridades locais, que se alijam das resposabilidades que não cumprem.
 O Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Proteção aos Direitos Humanos parece desconhecer a situação das crianças abrigadas na cidade de Curitiba que estão envelhecendo nos abrigos; das crianças portadoras de HIV que não entram na fila de adoção; da longa espera dos pretendentes à adoção, os quais, ainda que tenham perfil diferenciado, ou seja, que pretendam adotar crianças especiais (adoção tardia, crianças com alguma dificuldade pessoal - limitações físicas ou portadores de alguma doença), não são atendidos ou amargam uma longa espera. Como o Centro de Apoio das Promotorias justifica a demora nos processos de destituição familiar que ocorrem em nossa cidade? Será que os operadores do direito leram a Revista Istoé de 13/02 do corrente ano, que teve como capa a mudança sensível no perfil dos pretendentes à adoção? Será que estão cientes que o número do CNA não reflete a verdade sobre o número de crianças abrigadas em nosso país, já que a grande maioria não está na fila de adoção, alguns deles não existem no sistema por não terem sequer número de processo, etc.? Qual o canal aberto do TJ/PR e MP com a sociedade para debater o tema, uma vez que o MONACI tem insistindo nesse contato, sem sucesso? Aliás, sequer há um contraponto do MONACI ou outros instituições para mostrar, como a sociedade tem feito reiteradas vezes, que a questão da ADOÇÃO deve ser analisada sobre diferentes perspectivas, não só na temática envelhecida de que as adoções não ocorrem por culpa dos pretendentes à adoção, esquecendo que os processos que estão no Judiciário dormitam nos gabinetes e vidas são esquecidas, sonhos são desfeitos, futuros soterrados...
JUDICIÁRIO, POR FAVOR, CUMPRA O SEU PAPEL!
MONACI 

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