segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A DOR DE ACOMPANHAR UMA VIDA SEM RUMO

A dor moral é enorme quando se vê o que o abrigamento prolongado, por dolo das autoridades públicas, pode causar em uma vida.

Vivemos um momento trágico de forma global em que se fala de direitos humanos, mas pouco se faz para que se preserve limites básicos de respeito à vida e à dignidade.

No Brasil, neste momento de descalabro político e negligência de muitas instituições, a questão social toma vulto antes nunca visto. E como sempre, o povo vai pagar uma conta amarga.

Mas, em todo momento de crise, há a revisão de paradigmas e derrui antigas estruturas que precisam ser modificadas.

Há uma necessidade de superação dos interesses pessoais e de antigos e novos privilégios. Impõe-se que cada um faça sua parte, ainda que a maioria opte por uma atitude "em cima do muro".

Os nossos leitores devem ter percebido um longo tempo sem qualquer publicação. Mas estávamos vivendo, na própria carne, os efeitos danosos (mais uma vez) do abandono dos nossos jovens (que entraram na primeira infância nos abrigos) e que lá continuam, e muitos  apresentando hoje graves problemas de comportamento.

Esse movimento nasceu por eles, e em especial, pelas quatro meninas (não irmãs) que não conseguimos adotar em 2010. Uma delas ainda continua abrigada....ouviu por quatro anos (de autoridades e do abrigos) que foi devolvida pela família Rau e agora, que não tem ninguém (entrou na fila de adoção em 2012 pela insistência do MONACI). Acredita que "viver" sem limites, sem atenção, sem perspectiva numa instituição pública é melhor que viver com os "nerdes" que a abandonaram... (o que nunca ocorreu pela família Rau).

O nosso silêncio é um GRITO que continuará ecoando num trabalho permanente de conscientização de toda a sociedade pelo efetivo respeito a lei, cobrando de juízes e promotores  o efetivo cumprimento de seus papéis sociais.

Estaremos aqui para a jovem abrigada (o sigilo processual impede que declinemos o seu nome. Esse mesmo sigilo permite que os processos sejam engavetados).

A nossa consciência está em paz, mas o mesmo não pode ser dito em relação àqueles que tinham o dever de defender o interesse dessa jovem, que um dia foi criança, e hoje padece a incerteza se terá uma existência adulta normal na sociedade que a repudiou.

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