segunda-feira, 29 de abril de 2013

PESQUISA SOBRE ADOÇÃO DE CRIANÇAS PORTADORAS DE HIV - PARTICIPE!

 A mestranda Alessandra Coutinho entrou em contato com o MONACI solicitando que este divulgue entre seus leitores o presente recrutamento para pesquisa, buscando o contato de pessoas que já adotaram ou tem interesse na adoção de crianças soropositivas.
 A pesquisa é referente à sua tese de mestrado em psicologia pela Universidade Tuiuti do Paraná, cujo tema é a adoção de crianças soropositivas.
 O contato será realizado pelo email: secretaria.executiva.ufpr@gmail.com

quinta-feira, 18 de abril de 2013

JUDICIÁRIO MAIS UMA VEZ E PRESSIONADO A ABRIR A CAIXA PRETA DA ADOÇÃO EM NOSSO ESTADO

 O MONACI, a APAV – ASSOCIAÇÃO PARANAENSE ALEGRIA DE VIVER, o IDDEHA – INSTITUTO DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS e o VEREADOR PEDRO PAULO COSTA protocoloaram ontem (17/04/2013) novo requerimento de informações, com sustentáculo na Lei n. 12.527/11, o qual não foi respondido quando apresentado em agosto/12. O TJ/PR tem muito a esclarecer aos cidadãos no que tange à situação das crianças e jovens abrigados em Curitiba e em nosso Estado. A sociedade clama pela transparência, o que obrigou à Presidência do TJ/PR compor uma comissão para apurar irregularidades nas adoções internacionais ocorridas nos últimos anos, como se pode verificar na página do órgão, públicada em 15/04/2013, o que inclusive foi noticiado no Jornal Gazeta do Povo na data de 16/04/2013.

 Na íntegra o requerimento, nos exatos termos de seu protocolo:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ.





Pedido de acesso a informações – Lei n. 12.527/11







1.                                            ARISTÉIA MORAES RAU, brasileira, casada,  servidora pública federal, portadora da CI/RG n. X.XXX.XXX-X/SSp/SC e inscrita no CPF/MF sob n. XXX.XXX.XXX-XX e ALBERTO ALVARES RAU, brasileiro, casado, servidor público federal inativo e Advogado inscrito na OAB/PR sob n. 24.330, em nome próprio e na qualidade de membros fundadores do MONACI – Movimento Nacional das Crianças Inadotáveis, ambos domiciliados à Rua José Brenny, 115, CEP 82.120-400, nesta Capital, Estado do Paraná; APAV – ASSOCIAÇÃO PARANAENSE ALEGRIA DE VIVER, pessoa jurídica de direito privado inscrita no CNPJ/MF sob n. 73.487.563/0001-20, neste ato representada por sua Presidente MARIA RITA TEIXEIRA; IDDEHA – INSTITUTO DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS, pessoa jurídica de direito privado inscrita no CNPJ/MF sob n. 01.167.309/0001-33, neste ato representado por seu Presidente PAULO PEDRON; VEREADOR PEDRO PAULO COSTA, brasileiro, inscrito no CPF/MF sob n. 524.877.849-20, na qualidade de Presidenta da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores de Curitiba, com a presente, infrafirmado, com fundamento no art. 5º., XXXIII, da Constituição Federal e na Lei n. 12.527, de 18 de novembro de 2011, vêm expor e requerer na forma que segue.
2.                                            Os Peticionantes deduziram pleito anterior perante essa d. Presidência, com solicitação de acesso às seguintes informações: (i) descrição das competências das Varas da Infância de Curitiba sobre adoção; (ii) quantas crianças estão abrigadas na cidade de Curitiba, quantas instituições de abrigamento existem nesta capital, qual a média de anos que as mesmas estão internadas; (iii) quantas adoções foram efetivadas nos anos de 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012 (até julho de 2012) em Curitiba; (iv) quantas crianças de Curitiba entraram no Cadastro Nacional de adoção desde sua criação em 2008; (v) quantos casais estão na fila de adoção em Curitiba e qual a média de tempo de habilitação dos pretendentes à adoção; (vi) quantas crianças especiais estão no CNA (portadoras de HIV, negras, deficientes); (vii) quantas reintegrações foram realizadas em Curitiba desde 2008, e quantas foram bem sucedidas; (viii) quais os critérios objetivos que balizam as reintegrações familiares e quanto tempo uma criança/adolescente deve esperar por essa possibilidade, qual é o tempo médio que está ocorrendo em Curitiba; (ix) qual a sistemática utilizada para agilizar e/ou facilitar as adoções especiais (HIV, negra, tardia e com limitações de saúde e/ou físicas); (x) por que voluntários habilitados ou não, mas preparados para adoções especiais são impedidos de adotar em adoções especiais, inclusive, partindo-se do pressuposto de que houve escolha da criança, quando de fato, o estabelecimento de vínculo só traz benefícios à criança e materializa a possibilidade efetiva de uma futura adoção? (xi) quais instituições públicas de abrigamento são responsáveis por crianças especiais, qual o histórico das adoções, quantas estão na fila de adoção.
3.                                            De acordo com o art. 11 da Lei n. 12.527/11, o órgão ou entidade pública deverá autorizar ou conceder o acesso imediato à informação disponível, sendo que na hipótese de não ser possível conceder o acesso imediato, o órgão ou entidade que receber o pedido deverá atender à solicitação em prazo não superior a 20 (vinte) dias, prorrogáveis excepcionalmente por outros 10 (dez) dias.  
4.                                            Em relação ao pedido anteriormente formulado – protocolo n. 3321092/2012, de 15 de agosto de 2012 -, os Peticionantes obtiveram alguma resposta tão somente em 19 de novembro de 2012, ou seja, mais de 90 (noventa) dias depois, através do Ofício n. 229/2012-GD/GP.
5.                                            No entanto, essa d. Presidência, através de despacho exarado pelo então Presidente, Exmo. Sr. Desembargador MIGUEL KFOURI NETO, tão somente encaminhou aos Peticionantes cópia dos atos regulamentares de definição de competência das Varas da Infância e Juventude desta Capital, bem como informações parciais obtidas junto ao Cadastro Nacional de Adoção no Sistema Eletrônico do CNJ, contendo os quantitativos de pretendentes à adoção e das crianças aptas à adoção no Estado do Paraná, bem como os dados quantitativos relacionados às crianças especiais para adoção no Estado.
6.                                            Em relação ao restante das informações solicitadas, essa d. Presidência limitou-se a dizer que “as demais informações solicitadas poderão ser colhidas diretamente junto aos Juízos de Direito das Varas da Infância e da Juventude desta Capital”.
7.                                            Com o devido respeito, a resposta enviada aos Peticionantes passou longe de prestar as informações solicitadas, evidenciando-se, ademais, que a indicação de competência das Varas da Infância e da Juventude desta Capital não se coaduna com o conteúdo das informações solicitadas.
8.                                            Além disso, veja-se que os dados constantes da Informação n. 432/2012, prestada pela Divisão de Sistemas Externos do Departamento da Corregedoria-Geral da Justiça do Estado do Paraná estão estribados exclusivamente em consulta ao Cadastro Nacional de Adoção do CNJ, nada havendo a respeito das informações que devem ser registradas e mantidas sob controle por essa egrégia Corte de Justiça no Estado do Paraná.
9.                                            Em razão do exposto, para garantir a efetividade do direito fundamental de acesso às informações de interesse coletivo, os Peticionantes vêm reiterar o pedido de acesso às informações anteriormente discriminadas no item 2, (i) a (xi), supra, com exceção aos subitens (i) e (iv), já respondidos, o que fazem nos termos da Lei n. 12.527/11, impondo-se a prestação dessas informações no prazo legal.
10.                                          Adicionalmente, considerando o teor da informação prestada pela Divisão de Sistemas Externos do Departamento da Corregedoria-Geral da Justiça do Estado do Paraná, os Peticionantes esperam e requerem, com igual fundamento legal, seja informado qual(is) o(s) sistema(s) de gestão e controle mantidos pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná quanto às estatísticas das adoções de crianças e adolescentes, bem como quanto às instituições de abrigo na cidade de Curitiba e no Estado do Paraná.
11.                                          Impõe-se esclarecer, por oportuno, que o presente pedido não contempla qualquer informação acobertada pela proteção do sigilo constitucional ou legal, impondo-se a prestação das informações solicitadas na forma da Lei, sob pena da possibilidade de caracterização de conduta que pode ensejar responsabilidade do agente público, nos moldes do art. 32 da Lei n. 12.527/11.
Pedem deferimento.
Curitiba, 15 de abril de 2013.

ARISTÉIA MORAES RAU

ALBERTO ALVARES RAU

APAV – ASSOCIAÇÃO PARANAENSE ALEGRIA DE VIVER

IDDEHA – INSTITUTO DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS

VEREADOR PEDRO PAULO COSTA


quarta-feira, 17 de abril de 2013

O MONACI indica a leitura do excelente livro "Pequeno Segredo" por conter uma história emocionante, da pequena Kat, filha do coração, portadora de HIV, que faleceu em 2006. Como diz o grande poeta Fernando Pessoa "tudo vale a pena quando a alma não é pequena".
PARTICIPE do lançamento da obra, hoje - 17/04/2013, na LIVRARIAS CURITIBA - SHOPPING ESTAÇÃO, a partir das 19h.


Heloisa Schurmann é de uma família conhecida pelas aventuras ao redor do mundo a bordo de um veleiro. Quis o destino que o dia a dia da família fosse surpreendido pela chegada de Kat, uma pequena e animada criança que passou a dividir com eles uma vida feliz pelos mares. Em 'Pequeno Segredo', Heloisa conta uma história sobre os presentes dados pelo acaso, que permanecem mesmo quando nos são tirados. Sobre como um filho, biológico ou não, pode modificar por completo a nossa vida. E, acima de tudo, sobre até onde podemos ir quando somos tocados pela força do amor incondicional. Sinopse em Livrarias Curitiba.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

UMA HISTÓRIA MAL CONTADA

Imagem: libertas.com.br
Na última quinta feira, 11 de abril de 2013, o jornal Gazeta do Povo, em seu caderno Vida e Cidadania, publicou matéria acerca do tema adoção, reiterando argumento à exaustão utilizado: o de que a morosidade nos processos de adoção em nossa justiça é culpa exclusiva das exigências realizadas pelos pretensos adotantes.
 O título não poderia resumir de forma mais precisa e concisa uma visão que é unilateral, ao expressar-se: "Pais exigentes dificultam adoção".
 Em que pese os respeitáveis anos de trabalho jornalístico prestados por este jornal à população de nosso estado do Paraná, vê-se aqui que a matéria publicada, na qual consultou-se apenas um dos lados envolvidos na crítica atual do instituto da adoção, pende para um viés com pouca capacidade de refletir a realidade da questão em sua totalidade de cores.
 Já se noticia há décadas este sofisma, de serem exclusivos responsáveis pela morosidade os adotantes e seus critérios. Porém, o que se nota é que sempre essa história é contada por somente um dos lados, que tem pouco ou nenhum interesse de sobrelevar outros importantes (e quiçá preponderantes) motivos pelos quais a adoção é literalmente negligenciada naquilo que seria um padrão mínimo de eficiência para perfectibilzar o interesse das milhares de crianças que se encontram à deriva estejam ou não no cadastro de adoção.
 Com a devida licença, mas é de se acreditar que seria regra básica do jornalismo dar ouvidos (ou pelo menos tentar) a todos os lados de uma história, senão não é jornalismo, é propaganda.
 O MONACI apresenta sua nota de repúdio à forma simplista com que a questão da ADOÇÃO é abordada pelas autoridades locais, que se alijam das resposabilidades que não cumprem.
 O Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Proteção aos Direitos Humanos parece desconhecer a situação das crianças abrigadas na cidade de Curitiba que estão envelhecendo nos abrigos; das crianças portadoras de HIV que não entram na fila de adoção; da longa espera dos pretendentes à adoção, os quais, ainda que tenham perfil diferenciado, ou seja, que pretendam adotar crianças especiais (adoção tardia, crianças com alguma dificuldade pessoal - limitações físicas ou portadores de alguma doença), não são atendidos ou amargam uma longa espera. Como o Centro de Apoio das Promotorias justifica a demora nos processos de destituição familiar que ocorrem em nossa cidade? Será que os operadores do direito leram a Revista Istoé de 13/02 do corrente ano, que teve como capa a mudança sensível no perfil dos pretendentes à adoção? Será que estão cientes que o número do CNA não reflete a verdade sobre o número de crianças abrigadas em nosso país, já que a grande maioria não está na fila de adoção, alguns deles não existem no sistema por não terem sequer número de processo, etc.? Qual o canal aberto do TJ/PR e MP com a sociedade para debater o tema, uma vez que o MONACI tem insistindo nesse contato, sem sucesso? Aliás, sequer há um contraponto do MONACI ou outros instituições para mostrar, como a sociedade tem feito reiteradas vezes, que a questão da ADOÇÃO deve ser analisada sobre diferentes perspectivas, não só na temática envelhecida de que as adoções não ocorrem por culpa dos pretendentes à adoção, esquecendo que os processos que estão no Judiciário dormitam nos gabinetes e vidas são esquecidas, sonhos são desfeitos, futuros soterrados...
JUDICIÁRIO, POR FAVOR, CUMPRA O SEU PAPEL!
MONACI 

quarta-feira, 10 de abril de 2013

FILHOS DE GAYS SE SAEM MELHOR DO QUE OS OUTROS, ENQUANTO SOCIEDADE AMERICANA DE PEDIATRIA APÓIA CASAMENTO GAY

Nas últimas semanas duas notícias abalaram os paradigmas do tema criação e adoção de crianças por casais homoafetivos. Enquanto estudo publicado na revista Super Interessante comprova não somente a viabilidade como a superioridade da qualidade de vida dos filhos de casais de gays e lésbicas, o Jornal Nacional veiculou contundente declaração de apóio da principal associação de pediatras dos Estados Unidos ao casamento gay que, afirma, não vê qualquer prejuízo às crianças criadas sob um casamento homoafetivo.
 Na íntegra ambas as matérias:
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Chega de preconceito. Adolescentes criados por mães lésbicas vão melhor na escola, têm mais amigos e se sentem bem consigo mesmos. Precisa de mais?
por Nanette Gartrell*

 Nos últimos 30 anos, diversos estudos têm demonstrado que a orientação sexual dos pais não influencia o ajustamento psicológico e social das crianças. Mas alguns críticos ainda questionam a legitimidade da criação de filhos em lares gays, lembrando que a maioria dos adolescentes estudados nasceu em uniões heterossexuais antes que a mãe se divorciasse e se assumisse como lésbica. Minha pesquisa vai além: eu acompanho a primeira geração americana de famílias lésbicas planejadas, nas quais as mães já se identificavam assim antes da inseminação artificial. Portanto, estudo seus filhos desde que nasceram. E constatei que, aos 17 anos, eles se saíram ainda melhor, em alguns aspectos, que outros adolescentes da mesma idade.
 Os filhos das lésbicas tiveram melhor desempenho na escola e nas interações sociais, por exemplo, do que garotos de famílias heterossexuais. Também apresentaram menos problemas de comportamento, como agressividade e violação de regras. Os dados vêm do Estudo Nacional Longitudinal de Famílias Lésbicas dos EUA (NLLFS, na sigla em inglês), que iniciei com uma colega há 26 anos. No total, 154 lésbicas (solteiras e com companheiras) se inscreveram entre 1986 e 1992. Desde então, temos reunido dados por meio de entrevistas e questionários. E os resultados surpreendem.
 Para medir a qualidade de vida, pedimos aos 78 adolescentes filhos de lésbicas que completassem uma pesquisa com frases como "Eu me dou bem com meus pais" ou "me sinto bem comigo mesmo", que deviam ser avaliadas de 0 (discordo) a 10 (concordo totalmente). Comparamos as respostas com as de 78 adolescentes pareados por sexo, idade e etnia. E não encontramos diferenças entre os dois grupos, como era esperado. A surpresa veio quando pedimos que nos descrevessem duas vidas em detalhe. Vimos que os filhos das lésbicas eram muito bons na escola, tinham diversos amigos de longa data e fortes laços familiares. Numa escala de 0 a 10, eles deram 8,4 em média para seu bem-estar - o que não é comum entre adolescentes. E 93,4% consideram que suas mães são bons modelos a seguir, excepcional para a faixa etária.
 Esse desempenho não é por acaso. As mães de nosso estudo se comprometeram em participar ativamente da vida dos filhos. Precisaram educar todo mundo à sua volta sobre famílias lésbicas - do obstetra às professoras. também participaram de programas anti-bullying nas escolas. Elas dedicaram muito tempo para tornar o caminho dos filhos o mais seguro e saudável possível. Quase metade as crianças do estudo havia sido alvo de comentários homofóbicos, mas souberam lidar com isso.
 Apesar de todas essas evidências, ainda existe o mito de que gays e lésbicas não podem ser bons pais, tal como dizem os juízes americanos nos anos 70, ao negar a custódia dos filhos a homossexuais divorciados. Quando as primeiras pesquisas indicaram que os filhos de gays e lésbicas estavam se dando bem, os juízes argumentavam que não havia estudos longitudinais confirmando isso. Claro: como estudos assim demandam muitos anos, os magistrados podiam continuar dizendo não aos gays. Em 1982, um banco de espera abriu as portas pela primeira vez a lésbicas que queriam engravidar. Na época eu era uma pesquisadora da Escola de Medicina de Harvard, e vi que um novo fenômeno social estava surgindo. Por isso iniciei o NLLFS - o mais longo estudo já feito. Com ele, os juízes já não podem levar adiante seu preconceito.

 * Nanette Gartrell é psiquiatra e investigadora principal do Estudo Nacional Longitudinal de Famílias Lésbicas dos EUA (NLLFS, na sigla em ingllês), em São Francisco. Em depoimento a Eduardo Szklarz.
 Matéria publicada originalmente na revista Super Interessante, Edição 315, Fevereiro de 2013. Página 21.

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Casamento gay não traz prejuízo à criança, afirmam pediatras dos EUA

 O casamento entre pessoas do mesmo sexo recebeu o apoio da principal associação de pediatras dos Estados Unidos. Os médicos não veem prejuízo nenhum para a formação de crianças que tenham dois pais ou duas mães.
 Um pai. Dois pais. Famílias assim já não são tão incomuns nos Estados Unidos. Como Zelia, quase dois milhões de crianças americanas são criadas por pais ou mães homossexuais. Timm e Kevin se casaram há um ano e meio e comemoram o apoio da mais importante associação de pediatria do país ao casamento gay. “Toda vez que uma instituição formal se manifesta ajuda todo mundo a aceitar e a entender que somos como as outras pessoas", diz Timm.
 Citando várias pesquisas, a Academia Americana de Pediatria afirmou: o bem-estar das crianças depende muito mais do relacionamento com os pais e do apoio que recebem do que da orientação sexual deles. O melhor para essas crianças é que a união dos pais seja reconhecida pelas instituições.
 Conversamos com Michael Cohen, especialista em psicologia infantil. "Se os pais são carinhosos e criam um ambiente de apoio e segurança, a criança terá um desenvolvimento saudável", afirma.
 Nem todo mundo concorda. O presidente de outra instituição, o Colégio Americano de Pediatras, rebate. “Está claro que ambientes homoafetivos aumentam o risco de as crianças ficarem confusas com relação à orientação sexual", diz Den Trumbull.
 Apesar da reação negativa de parte dos colegas, a Academia Americana de Pediatria marcou posição em um momento importante. Na semana que vem, a Suprema Corte dos EUA vai analisar a legalidade do casamento gay. Nesta quinta, o estado do Colorado aprovou a união civil entre pessoas do mesmo sexo. Agora, já são 18 estados americanos que permitem algum tipo de união entre homossexuais.

Veiculado no Jornal Nacional, edição do dia 22/03/2013. Matéria acessada no sítio http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2013/03/casamento-gay-nao-traz-prejuizo-crianca-afirmam-pediatras-dos-eua.html em 10 de abril de 2013, às 14:30 horas. 

sexta-feira, 5 de abril de 2013

O ABANDONO QUE DÓI

REPORTAGEM DA REVISTA GALILEU (FEV/2013) coloca em evidência, segundo pesquisas na área da psicologia, os danos psicológicos que o ABANDONO pode ocasionar na auto-estima e saúde do indivíduo. Essa questão deveria ser conhecida pelos operadores do direito em relação à criança abrigada, que tem apenas um teto, mas não tem o essencial: UMA FAMÍLIA PARA CHAMAR DE SUA.

 Nossa linguagem, no mundo todo, sempre emprestou termos físicos para descrever emoções ruins. Pesquisas antigas já indicavam que as comparações não eram apenas metáforas. Estudos com animais na década de 1990, por exemplo, revelaram que além de aliviar a dor após um ferimento, a morfina também reduz a tristeza que filhotes de rato sentem quando são separados da mãe.
Intrigada com o fenômeno, a Ph.D. americana em psicologia Naomi Eisenberg, da Universidade da Califórnia (UCLA), iniciou um estudo na década de 2000, visando descobrir o que o cérebro faz quando vivenciamos a rejeição social.
Neste estudo, voluntários foram submetidos a um jogo de computador desenvolvido por psicólogos, chamado Cyberball. Neste jogo, onde três jogadores passam uma bola entre si, o voluntário é levado a acreditar que jogam com pessoas reais em outra sala, quando na verdade os outros dois jogadores são controlados pela máquina. Quando esta parava de lhe passar a bola, as reações eram sempre fortes, de linguagem corporal proeminente e gesticulações constantes. Neste momento, dados neurológicos eram coletados por ressonância magnética a fim de determinar a reação cerebral ao estímulo negativo percebido.
A resposta obtida foi similar a da causada pela dor tradicional, que atua na região do cérebro conhecida como córtex cingulado anterior dorsal.
Esses resultados sugerem que nossa angústia após um insulto é igual à resposta emocional após um ferimento, mas outros estudos foram além, mostrando respostas corporais tangíveis.
Descobriu-se que o inverso também é verdade: aliviar a resposta corporal à dor física pode atenuar o sofrimento emocional. Foi o que demonstraram posteriores estudos envolvendo a administração de paracetamol, em que os voluntários influenciados pela droga apresentaram resultados significativamente menos expressivos em face da experiência sofrida com o Cyberball.
"A idéia de que você pode afetar a experiência social das pessoas com um remédio considerado leve e comum (o paracetamol) foi uma validação muito importante", diz Geoff MacDonald, da Universidade de Toronto, no Canadá, um dos autores do estudo. "É exatamente o tipo de descoberta que ajudaria a confirmar o conceito de dor social."
Também foi descoberto que os indivíduos que sentem mais dor quando um eletrodo quente encosta em seus braços também ficam mais magoados com o Cyberball. Parte disso se explica pela genética, devido a mutações gênicas, mas nem tudo. Experiências vividas na infância também ajudam a determinar sua sensibilidade. Um estudo no American Journal of Psychiatry, por exemplo, mostra que pessoas com certas formas de dor crônica têm maior probabilidade de terem sofrido experiências traumáticas, como abusos emocionais, durante a infância. É possível que a experiência deixe a rede da dor hiperativa, tornando essas pessoas mais sensíveis a qualquer forma de desconforto.
Faz sentido que a nossa evolução tenha produzido uma sensibilidade tão forte à rejeição. Ser expulso da tribo, para nossos ancestrais, equivalia a uma sentença de morte, expondo nossos antepassados à fome e aos predadores. Precisávamos de um sistema de alerta que nos avisasse de conflitos potenciais, impedindo que piorássemos a situação. A rede da dor, que mexe conosco quando enfrentamos o perigo físico do fogo ou de uma arma, seria o mecanismo ideal para ajudar a controlar nosso comportamento social. Alguns pesquisadores dão um passo além nessa linha de pensamento, sugerindo que a evolução pode ser a chave para explicar alguns sintomas misteriosos da solidão. As pessoas solitárias tendem a expressar com mais intensidade os genes da inflamação, especialmente nas células do sistema imunológico, e a expressarem menos os genes antivirais.
Por que o corpo lida dessa maneira com o isolamento? Steve Cole, geneticista comportamental da Universidade da Califórnia, encontrou uma resposta para isso quando passou a analisar como diversas doenças afetam pessoas com vidas sociais diferentes. Os vírus se espalham rapidamente entre grandes grupos, enquanto infecções bacterianas letais em geral são causadas por ferimentos que nossos ancestrais teriam maios probabilidade de sofrer quando estavam sozinhos, sem a proteção do resto da tribo. Cole sugere que nosso sistema imunológico pode estar "prestando atenção" aos sinais de status social de nosso cérebro. Se estamos vivenciando uma vida social animada em um grande grupo, nosso corpo se prepara para enfrentar os vírus; se nos sentimos solitários, o córtex cingulado e outras regiões fortalecem a inflamação, que nos ajuda a combater infecções bacterianas. A idéia é reforçada por estudos que mostram que tarefas socialmente estressantes, como fazer um discurso improvisado, aumentam as atividades da rede de dor, provocando uma resposta imunológica inflamatória, como se o cérebro estivesse se precavendo contra a ameaça de isolamento e ferimentos.
No mundo moderno, a inflamação elevada é relacionada com uma série de problemas, incluindo doenças cardíacas, câncer e Alzheimer. E indivíduos solitários correm mais risco de sofrer todos eles. Em 2010, uma metanálise de 148 estudos mostrou que indivíduos com conexões sociais adequadas têm 1,5 vez mais chances de sobreviver até o final do período de estudo do que os solitários, um efeito comparável a não fumar ou não beber em excesso. Outro estudo, publicado em 2012, observou a saúde de 2.000 americanos idosos e de meia-idade. Os participantes que informam maior solidão tinham o dobro de chances de morrer durante os 6 anos do estudo do que aqueles com os menores níveis dessa sentimento.

(por Lisa Raffensperger, texto adaptado, originalmente publicado na Revista Galileu, edição 259, fevereiro de 2013, pgs. 56 a 61. Ilustração: Azucrina)

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