sexta-feira, 27 de março de 2015

O ABANDONO E SUAS MARCAS NA FISIOLOGIA INFANTIL - PARTE II

Continuação...
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À conclusão parecida chegou o cientista Jamie Hanson, da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA), após analisar o cérebro de 128 crianças negligenciadas. Hanson verificou que elas possuíam tamanho reduzido de amígdala e hipocampo – estruturas cerebrais associadas às emoções e à memória. “Acreditamos que o impacto seja devido à exposição contínua da criança ao hormônio cortisol, liberado em condições estressantes”, explicou o cientista à ISTOÉ.
As evidências científicas mostram ainda modificações relacionadas à maior probabilidade de surgimento de doenças como a depressão e a ansiedade e também de dificuldade de criar laços afetivos. “Nos primeiros anos de vida é formado o vínculo emocional da criança com seus cuidadores familiares”, afirmou à ISTOÉ o psiquiatra James Leckman, da Universidade de Yale (EUA), um dos mais renomados especialistas do mundo nesse campo. “Essa ligação contribui para seu desenvolvimento emocional e cognitivo e para seu investimento nas relações pessoais no futuro.”
A confirmação pela ciência de que a primeira infância é decisiva para a saúde física e mental na vida adulta está motivando iniciativas para que o período receba mais atenção. Uma delas é a criação do Marco Legal da Primeira Infância. O projeto de lei a esse respeito está seguindo os trâmites necessários para ser aprovado pelo Congresso Nacional. “Ele assegura prioridade absoluta aos direitos das crianças de zero a seis anos”, explica Claudius Ceccon, secretário executivo da Rede Nacional Primeira Infância, formada por mais de 120 organizações envolvidas na promoção do desenvolvimento adequado no começo da vida. “O País precisa investir em políticas públicas e em outras ações nesse sentido”, diz João Figueiró, do Instituto Zero a Seis.
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Na cartilha para o correto crescimento emocional e cognitivo deve estar presente a preocupação para não exagerar nos estímulos. “Pode haver a aceleração do desenvolvimento. Acaba-se condicionando a criança a fazer coisas que ela poderia fazer e aprender sozinha no seu tempo”, ressalva a socióloga Lourdes Atié, pós-graduada em educação.
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DANO
Equipe da americana Johanna Bick descobriu que crianças abrigadas em
orfanatos apresentavam alterações em sistemas associados às emoções
Na dose certa, os estímulos e o amor produzem resultados fabulosos. Pais de Caio e Luiza, de dez meses, Gabriela Domingues e Sérgio Veiga, de São Paulo, sabem bem disso. As crianças nasceram prematuras e passaram três meses na UTI. “Falar com eles, tocá-los, ficarmos próximos, fazia com que se acalmassem”, lembra Gabriela. Muitas vezes até o padrão de respiração mudava para melhor. A psicóloga Marília Kerr também faz questão de oferecer ao filho, Henrique, 3 anos, bases emocionais sólidas. “Fui emocionalmente muito bem nutrida quando criança. Faço o mesmo com ele.”

COMO REPARAR OS DANOS DE UMA CRIANÇA QUE FICA ABANDONADA EM UM ABRIGO POR 15 ANOS, SITUAÇÃO COMUM NO BRASIL?

SERÁ QUE MAIS UMA LEI, DIZENDO O ÓBVIO SOBRE AS PRIORIDADES QUE AS CRIANÇAS E JOVENS DEVERIAM TER, VAI GERAR A EFETIVIDADE DESTES DIREITOS?

PERMANECENDO A OMISSÃO DESCARADA DO ESTADO, QUAL A SAÍDA PARA ESTAS CRIANÇAS E JOVENS NO FUTURO?

QUANDO A SOCIEDADE VAI EXIGIR O CUMPRIMENTO DAS LEIS QUE JÁ EXISTEM PARA EFETIVAR A PRIORIDADE DE ATENDIMENTO DAS CRIANÇAS E JOVENS DE NOSSO PAÍS?

quinta-feira, 19 de março de 2015

O ABANDONO E SUAS MARCAS NA FISIOLOGIA INFANTIL

 Reafirmou-se, como era de se esperar, que os danos causados pela falta de cuidados na infância traz efeitos e máculas indeléveis no cérebro das crianças. O fato não é novo, mas a sua constante repetição, respaldada pela rigorosidade dos estudos científicos conduzidos por respeitados profissionais e especialistas nas mais diversas áreas da ciência, apenas assevera que este assunto não pode ser ignorado, como se faz de maneira contumaz em nosso país.
 É o que diz a pesquisa publicada nesta edição da revista Istoé 2360, da segunda quinzena do mês de fevereiro de 2015. Aclamada como "novidade", esta situação já não é nova para quem milita na causa das crianças e jovens que sobrevivem heroicamente nos abrigos. É o que nos mostra o estudo conduzido pela renomada psicóloga Dra. Lídia Weber, em seu artigo já por nos publicado em outra oportunidade, em que os danos causados pela instituição do abrigamento prolongado são abordados com considerável profundidade.
  Por este motivo, comentaremos com nossos leitores a referida reportagem da publicação Istoé, com os respectivos apontamentos.

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As marcas deixadas no cérebro pela falta de cuidados na infância

Pesquisas revelam os prejuízos ao desenvolvimento causados pela negligência sofrida por crianças de zero a seis anos

Cilene Pereira e Mônica Tarantino
Um campo recente de investigação científica está revelando com clareza as marcas deixadas no cérebro por causa da falta de cuidados com as crianças durante seus seis primeiros anos de vida – período batizado de primeira infância. São prejuízos que comprometem a capacidade de aprendizado, de memória e de formação de vínculos afetivos na vida adulta e que também predispõem ao surgimento de doenças como a depressão, a ansiedade e a comportamentos violentos. Por ausência de cuidados entende-se desde a negligência para com ações que asseguram conforto físico à criança, como alimentá-la e vesti-la de acordo suas necessidades, até para com aquelas que lhe garantem segurança emocional. Entre elas estão atos simples como um toque carinhoso e o acolhimento em momentos de medo ou de dor.
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O mais recente trabalho a demonstrar esse impacto foi divulgado pela equipe comandada por Johanna Bick, do Boston Children’s Hospital (EUA). Os cientistas selecionaram 136 crianças com idade de dois anos e que haviam passado pelo menos um ano em instituições de amparo. Elas foram avaliadas até os 12 anos e seu desenvolvimento cerebral comparado ao de crianças criadas por suas famílias. Aquelas que haviam sido abandonadas apresentavam alterações importantes em partes da substância branca (formada pelas extensões dos neurônios) localizadas, por exemplo, em áreas envolvidas no processamento das emoções. “Essas marcas terão impacto na capacidade futura de raciocínio e de regular as emoções, entre outras funções”, disse à ISTOÉ a pesquisadora Johanna.

 SERÁ QUE AS AUTORIDADES PÚBLICAS VÃO TOMAR CONHECIMENTO DESTE ESTUDO E MODIFICAR A FORMA DE TRATAMENTO DAS CRIANÇAS ABRIGADAS?

sábado, 7 de março de 2015

ANO NOVO, PROBLEMAS REEDITADOS


O MONACI aguardou até a passagem do carnaval para informar nossos leitores que nenhuma das nossas requisições obtiveram respostas adequadas dos órgãos judiciários e administrativos.

 - Até agora não houve decisão final do habeas corpus impetrado em favor de todas as crianças e jovens abrigados de Curitiba, pelo TJ-PR. Segundo informações de vários cidadãos da cidade de Curitiba, ainda que a portaria que impedia a visita a abrigos tenha sido suspensa, a sistemática ainda é a mesma: permanecem as proibições, mesmo que à margem da Lei.

 - A OAB do Paraná, após o evento de 11 de outubro do ano de 2014, na AL do Paraná, não mais se manifestou nem demonstrou qualquer iniciativa de apoio à causa das crianças abrigadas. Ainda aguardamos sua manifestação, ou teria sido a ação da OAB mera cortina de fumaça?

 - Ainda não houve a disponibilização, pela FAS - Fundação de Ação Social, da lista completa de crianças e jovens abrigados em toda a cidade de Curitiba, com seus respectivos nomes, locais de abrigamento e o tempo que se encontram institucionalizadas, conforme prometido pela Sra. Márcia Fruet.

Na crise de governabilidade pela qual passa o País em nível municipal, estadual e federal, qual será o espaço de efetiva prioridade das crianças que até agora só recebem migalhas do Estado?

A perspectiva é negativa, como não poderia ser diferente. Saiu a notícia de que as Varas da Infância foram "enxugadas" no número de assistentes sociais. Se antes já se demonstrava impossível conciliar a já exígua força de trabalho dos poucos profissionais engajados na resolução de casos envolvendo o interesse das crianças e adolescentes, a exemplo de Curitiba, com a demanda efetiva por seus préstimos, que será agora deste atendimento com a redução dos quadros profissionais em quase 90%? Em nova crise de gestão da coisa pública o povo vai pagar pelo privilégio de poucos!

Quanto tempo as crianças ficarão reféns de um sistema de exclusão social na forma de abrigos?

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