sexta-feira, 1 de abril de 2011

CARTA DE APOIO DA MÉDICA PEDIATRA DRA. MARIA CRISTINA DE SOUZA NÉTO E DO JORNALISTA JOSÉ RIBEIRO ROCHA

CARTA I

Olá!!!!
Estive lendo o blog de vcs e quero me colocar a disposição para qualquer ajuda que  possam precisar.
Sou médica pediatra do HIJG na cidade de Florianópolis e nosso hospital tem vinculo com um lar que recebe muitas crianças soropositivas.
Quase diariamente atendemos crianças com pais que dentre os múltiplos problemas sociais e de saude ainda são soropositivos e perderam, por falta de cuidados ou mesmo de estrutura familiar, seus filhos para o estado.
É muito triste ver quando aquela escadinha entra no consultório (irmãos de 3, 5, 6, 10 e 12 anos, todos da mesma familia ), abandonados, assustados, com medo de serem separados, sem entender o que é a sua doença e acreditando que são diferentes e até mesmo piores que os outros.
Depois, chega a adolescência e sem uma estrutura familiar, pois, apesar do esforço dos voluntários, os lares não são os melhores lugares para nenhum adolescente, eles param de tomar as medicações, ficam doentes e chegam até ao estágio terminal por falta de cuidados consigo mesmos.
Vocês não podem imaginar o que é ver uma criança de 13/14 anos, preso há um leito, delirando, desnutrido, com febre pesistente há varios dias, com os braços todos machucados devido aos acessos venosos para fazer os antibióticos, tendo sua diurese e evacuação em fralda, com escaras de pressão pelo corpo, acompanhadas por um estranho que, alguns vezes, pelo cansaço de horas de plantão, nao tem a menor paciência.
É uma situação muito triste que, acredito eu, possa ser evitada e abrandada com a oportunidade de ter uma familia bem estruturada e um suporte de carinho e amor.
Tenho apenas 30 anos, faço 3 a 4 plantoes por semana. Infelizmente não poderia, no momento, adotar qualquer criança, mas admiro e espero que através desse site vocês consigam mobilizar a sociedade para que essas crianças possam ser adotadas e amadas como elas merecem!
Acredito que se cada um fizer a sua parte podemos mudar o mundo!!!! Logo, se precisarem de ajuda, estarei a disposição para tentar fazer a minha parte!!!!!
Maria Cristina de Souza Néto
Medica Pediatra de Florianópolis

Carta II

Olá, Profissionais do Monaci!
 

Sou jornalista com passagem pelas seguintes empresas: Editora Abril; Revista Imprensa, TV Cultura Fundação de Apoio a Faculdade de Educação/USP como assistente técnico pedagógico e de comunicação; passagem pela TV Cultura também. Por meio de uma amiga, conheci o projeto de vocês e na leitura de  uma das cartas, mais uma vez na vida, me vi num dos muitos sistemas de abrigo para menores carantes e ou em qualquer situação de risco. Minha mãe, segundo a instituição, faleceu no parto e meu destino foi crescer na FEBEM/SP dos 0 aos 20 anos, deixando a instituição em 1990. Sou descendente de índios da Guarani Kaiwá, mas moro em São Paulo e contar aqui não caberia por ser longa a história. Desde então minha maior luta foi para me firmar na sociedade em busca da igualdade mínima de sobrevivência. Isso consegui com muito esforço, lutando contra os preconceitos surgidos ao longo da nova jornada na última década do século passado. Não foi fácil ser marmanjo e retomar os estudos básicos mesmo com o apoio da família que digo "praticamente me adotou" - porque só não foi feito de papel passado, dando amor, carinho, boa alientação e tudo que eu desejei na infância e não tive.Os anos noventa corri para recuperar o tempo perdido e nesta primeira década dediquei-me aos estudos acadêmicos muito bem sucedidos. Eu sempre digo que o trabalho dos governantes não deveria terminar com a maior idade do assistido porque entendo ocorrer um erro: nós vivemos num sistema "prisional" e de repente ganhamos uma selva, porém, não nos foi dado um preparo para lá viver. É com um animal selvagem que cresce em cativeiro e de repente dão a liberdade para ele. O que fará se não foi preparado para essa nova fase de sua vida? Ao ler a carta da doutora Maria Cristina de Souza Neto, vejo uma das razões pelas quais as crianças naufragam em sua jornada. Deve mesmo ser muito triste ver crianças num leito em qualquer situação. Eu também não tenho condições de adotar uma criança, mas deixo aqui escrito o quanto isso é importante porque quando não tinha mais esperança, deram-me uma chance de ouro e eu agarrei com unhas e dentes. Hoje sou jornalista, produtor e escritor profissional. Tenho um livro-reportagem chamado BRINCAR DE SER FELIZ finalista no PREMIO JABUTI/2008 e sua continuação chamada OS MENINOS DE DEUS já recebeu indicação ao PREMIO SESC DE LITERATURA (2009/2010) e está prontinho com prefácio a caminho, porém, sem editora. É assim, falando de minha vida, trazendo exemplos concretos de ex-internos, experiência com o Bullying, Violência Sexual, Drogas, Comportamento Homossexual, Homofóbico, Abuso de Poder, em eventos, palestras e congressos que contribuo para a melhoria na educação de crianças e adolescentes em abrigos.


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