quinta-feira, 7 de julho de 2011

ADOÇÃO UM GRITO DE ESPERANÇA



             Quem trabalha, voluntariamente, em instituições com crianças, por mais profissional que tente ser, verá despertado em si o desejo de estar cada vez mais ao lado destes seres, não raro de algum em especial. E tendo a oportunidade de observar que estes pequenos cidadãos que vivem numa coletividade, muitas vezes sem ter, por força das circunstâncias, suas individualidades respeitadas, não são oportunizados pelo “sistema”, de terem melhor sorte em seus futuros. É como se fosse um pacote de balas sortidas onde cada uma faz parte de um todo, mas, somente as melhores serão escolhidas.
            Assim são nossas crianças, se cada uma pudesse ser colocada, por afinidade em famílias amorosas, teríamos no futuro, com certeza, seres muito mais seguros, saudáveis e realizados pessoalmente.
            Observamos nestes anos de trabalho voluntário, que de modo geral, para estes que ali estão vivendo, aguardando nossas visitas, achamos que um pouco de atenção, carinho, boa alimentação, cuidados com a saúde, higiene e recreação lhes são suficientes, mas, eles querem e sonham com seus futuros, e temem o por vir com suas inseguranças. E o futuro chega rápido, de repente nos deparamos com jovens, pré-adolescentes, inseguros, entrando na fase adulta. O que será este futuro angustiosamente esperado? Solidão? Para onde vou? Que vai ser de mim?  Realmente, sem uma família que lhes de estrutura e segurança é muito difícil.
E é neste ponto que nos perguntamos; porque nós como instituições não conseguimos agilizar as adoções enquanto ainda crianças?       E agora, o que será dos nossos jovens com idade de 18, 19, 20 anos e que continuam morando em casas lares e ainda tão dependentes?
            Questionamos o Poder Judiciário pela demora excessiva em algumas definições.
            Vamos diminuir a marginalidade, aumentar as oportunidades dando a nossas crianças de hoje uma família, facilitando e agilizando as adoções.
            Apregoa-se muito a Reintegração familiar, termo bonito e de efeito, mas cada caso é um caso; reintegrar a que família quando nunca se teve pais preparados e equilibrados para aceitar cuidar e educar? Será que depois de 2; 3; 4 às vezes até 10 ou mais anos separados, estes pais vão estar em condições emocionais, psicológicas e estruturados para dar continuidade à formação destes pequenos cidadãos. E o que dizer dos casos em que o próprio Poder Judiciário e suas representações retiraram crianças de seus pais por os considerarem incapazes e portadores de hábitos condenáveis, em alguns casos ate proibindo visitas destes a seus filhos, e depois promoverem a “reintegração familiar”? Em nossa opinião, inconcebível.   E como fica o livre arbítrio destes indivíduos, eles foram ouvidos? E seus sonhos e esperanças de um lar compatível a tudo que recebiam na instituição? Aqui falamos pela APAV.
            Aos que leram o aqui exposto, pedimos seu engajamento a nossa causa, precisamos que sejam revistos os procedimentos de adoção, guarda, e reintegração familiar, principalmente quando se trata de crianças em situações especiais, como é o caso das abrigadas em instituições que trabalham com portadores do HIV.


Maria Rita Teixeira
pres. APAV
mai/2011

Um comentário:

  1. Maria Rita,
    Linda colocação.
    Como é possível que hoje, nesta nova lei, a prioridade máxima seja a reintegração familiar, quando a falta de estrutura familiar é exatamente o que leva a criança a ser enviada para a instituição? Se houvesse condições e interesse em algum familiar cuidar de uma criança, com certeza esse se daria de forma natural e antes do poder publico ter que retirar a criança deste convívio para protegê-la. E então inicia-se um processo gigantesco e burocrático para levar a criança de volta para o local onde esta estava em perigo social (às vezes, em risco de vida)
    Realmente é algo absurdo, impensável. Mas ultimamente, é a regra aplicada.

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