O seguinte relato foi recebido através do email do MONACI. Todas as informações de identificação foram suprimidas a fim de evitar problemas ao autor, vez que sua situação no processo de adoção ainda é arriscada e o mesmo teme retaliações no judiciário.
"Inicialmente, gostaria de parabenizá-los pela iniciativa de criar este movimento. Entendo muito bem a causa de vocês pois fiquei quase 3 anos esperando na fila de adoção de Curitiba até que desisti de esperar e estou adotando em outro Estado.
Durante o período a nossa espera, inclusive, visitamos um abrigo de Curitiba e quando nos identificamos como proponentes a adoção fomos extremamente maltratados e fomos "convidados a nos retirar" do abrigo por uma moça que se dizia assistente social.
O CNA serviu somente para resolver um problema para o judiciário: diminuir o número de processos de habilitação de casais (menos serviço). Antes deste cadastro mal feito e inoperante os casais proponentes a adoção podiam se habilitar em diversas comarcas onde soubessem que havia crianças aguardando para serem adotadas. Hoje eles não podem mais fazer isso. Não sou da área jurídica mas sei que todo o Direito é baseado em princípios e um dele diz que a justiça precisa ser acionada para agir, pois, conforme um jargão muito utilizado neste meio, "a Justiça não socorre os que dormem". Isso significa que a Justiça somente pode fazer algo por aqueles que a acionam e, por isso, todo cidadão tem o direito de acioná-la. Isso vale para todos, exceto para os proponentes a adoção. O CNA os amordaça e os obriga a esperar calados.
É revoltante a lentidão e má vontade com a qual a justiça cuida dos processos de adoção. A explicação da maioria dos juízes das varas de Infância e Juventude é que as crianças abrigadas estão bem e não correm riscos e, portanto, elas não são prioridade. A prioridade é dada para os casos de denúncia de maus tratos e de menores infratores. No meu entendimento se os processos de destituição do poder familiar e de adoção fossem tratados como prioridade e fossem mais rápidos, certamente teríamos menos casos de menores infratores e de maus tratos. A Justiça não ataca a origem do problema e, no meu entendimento, as prioridades estão invertidas.
O problema disso tudo é que muitos pais proponentes a adoção desistem ao longo do caminho e alguns, como eu, se cansam de esperar e resolvem agir mesmo cientes de toda a insegurança jurídica que terão de enfrentar. O prazer de acordar com o meu filho pulando em cima de mim e gritando "papai" não tem preço. Faria tudo de novo se fosse necessário. Hoje ele já tem quase 3 anos e o processo ainda não foi concluído."
Vamos nos unir nesta LUTA pela criança abrigada!