quinta-feira, 10 de março de 2011

Alegrias da adoção

Lucas e André Moraes Rau, 18 e 12 anos.

Estes textos foram escritos pelos filhos biológicos do casal Alberto/Aristéia Moraes Rau, quando conheceram as crianças a serem adotadas pela família, expressando a emoção e alegria na convivência maravilhosa que tiveram, e que foi interrompida abruptamente pelo Poder Judiciário do Paraná.

“ADOTAR É TUDO DE BOM”

Estamos vivendo um momento da história da humanidade de grandes progressos no campo da ciência, da tecnologia e do bem estar social. Mas do que adianta todo esse progresso quando, como disse Albert Einstein uma vez: A palavra progresso não tem qualquer sentido quando houver crianças infelizes.

Nessa época o cientista alemão não imaginaria que a fissão nuclear, que ele ajudou a desenvolver, mataria 40 mil crianças e deixaria de 2 a 6 mil órfãs só em Hiroshima. Isto tudo em um país, o caso do Japão, que possui rígidas regras sociais, culturais e que não considerava respeitável ser órfão, principalmente neste caso, já que iniciaram um preconceito banal e irracional contra os pequenos sobreviventes por pensarem que a radioatividade era contagiosa.

Todo esse preconceito não se resume aos hábitos japoneses, precisamos revisar a idéia de progresso que a sociedade vem passando, um progresso material e não espiritual ou emocional. Doar-se para alguém é uma grande dificuldade do homem, ou seja, amar.

No caso da nossa família, o desejo de amar que já se traduzia em dois filhos, passa para seis, mas falando assim parece que tudo se reduz a números. Bom, mas se for assim eles são números bem altos e que recebem o nome de Lucas, André, Leandra, Júlia, Larissa e Vitória Moraes Rau, que juntos representam um único sentimento: felicidade.

Quem tem filhos sabe do que estamos falando, a alegria é imensurável. Estar presente, curtir os momentos juntos e acompanhar o desenvolvimento deles, se torna ainda mais especial quando numa família, que era na maioria de homens, recebe de uma hora para outra quatro meninas e o jogo vira. Tudo muda para melhor, saber que você dará oportunidade para quatro crianças que não tinham nenhuma perspectiva na vida é muito gratificante. E isto não só para nós pais, para os filhos biológicos também, que passam a não sentir essa sutil diferença, pois estão ganhando a companhia, o afeto e a amizade de pessoas que sempre estarão lá para o que der e vier.

Como inteligentemente divulgou uma campanha publicitária para adoção de cachorros:‘’ Adotar é tudo de bom’’(até ele, o melhor amigo do homem, foi adotado aqui em casa). Esse lema também poderia ser usado para adoção de crianças, que os muçulmanos chamam de “ornamento da vida neste mundo”.

Num país que se diz CRISTÃO, e mantemos abrigadas 5.000 mil crianças a espera de novos pais, não se sabendo ao certo se a culpa é da morosidade processual e ainda o preconceito (de cor, de idade, de condição física), nos remete a uma realidade muito triste.

Você que está vendo a vida passar, saía da mesmice, da rotina, da inércia, da reclamação, da fuga, da solidão, da depressão, da falta de amor e solidariedade. Se não puder adotar, apadrinhe uma criança (para sempre), faça o bem e com certeza ele voltará a você em forma de AMOR.

Lucas Moraes Rau

ADOÇÃO (POESIA PUBLICADA NO LIVRO PALAVRA VIVA 2011 do Colégio Positivo, 35ª EDIÇÃO, ESCOLHIDA PELA ACADEMIA PARANAENSE DE LETRAS.)

Adote amor,
Adote a esperança,
Adote a alegria,
Adote uma criança.

De todos os contrastes,
De todas as etnias,
O amor não tem fronteiras,
Mundo de alegrias.

Pode não ser “de sangue”,
Nem igual fisicamente,
Mas pode ter certeza,
Já estava tudo em mente.

Novo amigo e companheiro,
Novo irmão para brincar.
Adoção é um “passaporte”,
Para a tristeza terminar.

André Moraes Rau

2 comentários:

  1. Nesta sociedade , podemos perceber que há muitas barreiras de preconceito (seja de cor , fisíco ,classes sociais , etc).
    No texto em geral é essa a ideia sobre todas as pessoas que sofrem no seu dia-a-dia qualquer tipo de preconceito tentando romper estas barreiras para ter sua vida normal como qualquer pessoa pode e deve ter.
    As crianças "inadotaveis" são crianças que sofrem muito com o preconceito , a sociedade esquece que a AIDS não se tranmite com o contato físico, e desprezam essas crianças que através disso vivem infelizes.

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  2. Larisse: Ao passar dos dias e dias de nossas vidas mau percebemos quão prazeroso é ajudar e trazer a felicidade de outra pessoa, principalmente quando essa pessoa é uma criança. Podemos perceber que o sentimento "amor" é algo inato no coração humano, mas infelizmente alguns o desenvolvem e outros não... Mas como é que podemos desenvolver esse sentimento? É simples, basta nós dividirmos ele com um alguém, que assim o receberemos em dobro. Essas chamadas crianças "inadotáveis" são crianças que precisam desse amor, do carinho, afeto e atenção. E como foi dito no texto acima:"A palavra progresso não tem qualquer sentido quando houver crianças infelizes." Então porque existe o progresso no mundo tecnológico mas no mundo social não? Porque é tão difícil a sociedade se desenvolver e vencer esses preconceitos que ainda existem? Devemos trabalhar para mudarmos essa sociedade que é tão cheia de preconceito e vencer todo e qualquer tipo de preconceito que ainda exista.

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