segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Texto postado por um simpatizante do Monaci

Finalmente!
Em um domingo cinzento, fomos surpreendidos por uma palestra sobre adoção proferida pela Aristéia. Não que desconheçamos o tema, muito pelo contrário, porque o conhecemos é que ficamos surpreendidos com o que ela está fazendo. Finalmente, ouço alguém que se levanta corajosamente e enfrenta a hipocrisia que permeia nossa sociedade e a lentidão do judiciário.
Eu e minha esposa já percorremos todo o calvário do processo de habilitação, ouvimos todas as irritantes meias-verdades quanto ao perfil dos adotantes, todas as justificativas para a demora na destituição do poder familiar e até que a fila não anda porque “criança não dá em árvore”.
Tenho certeza de que todos aqueles que desejam adotar já ouviram isso e sabem, também, que a responsabilidade por esse quadro caótico deve ser compartilhada com aqueles operadores do direito que, do refúgio de seus gabinetes, recusam-se a visitarem abrigos, a promoverem as ações de destituição de poder familiar e insistem em absurdas e utópicas tentativas de reinserção da criança na família nuclear ou, mais recentemente, em uma pretensa família extensa.
Contudo, toda vez que se cobra maior agilidade do poder judiciário, ouvimos que falta estrutura, faltam servidores, psicólogos, em suma, falta tudo, mas, na verdade, o que falta mesmo são estatísticas que permitam aferir a efetividade e a eficácia da prestação jurisdicional. Bom, todos sabemos que o pessoal do direito é avesso a números, uma vez que eles são menos maleáveis que as palavras.
Mas, volto a insistir, como seria saudável se soubéssemos realmente quantas crianças estão em abrigos, a quanto tempo estão lá e porquê estão lá. Certamente aconteceria uma revolução se fosse aferida a taxa de êxito na reinserção familiar da criança abrigada, tão propalada após a reformulação do ECA, que diga-se de passagem, transformou uma legislação moderna em algo extramente preconceituoso em relação a adoção.
Este último índice, o de êxito na reinserção familiar, confirmaria o que intuitivamente já sabemos, são poucas as tentativas que dão certo, pois, caso contrário não teríamos um imenso descompasso entre a quantidade de crianças abrigadas disponíveis para adoção e aquelas cujo poder familiar ainda está em discussão.
O que temos na verdade é a implantação de um círculo vicioso e cruel, no qual a ação de destituição do poder familiar não é iniciada, devido a formalismos exacerbados, inúmeros e infrutíferos estudos em relação à família extensa, que se protraem indefinidamente no tempo, e cujo resultado, ao final e ao cabo, é a condenação destes pequenos a uma vida infeliz e sem esperança dentro de abrigos.
Então, começam as campanhas para incentivar a adoção tardia. Não que este tipo de adoção não deva ser estimulado, mas devemos defender que a adoção tardia deve ocorrer naqueles casos em que o abrigamento dos menores se deu em idade já avançada e não para aqueles em que bebês foram recolhidos e condenados a passar quatro ou cinco anos penando em abrigos para só então serem cadastrados para adoção.
E por último, para fechar o pernicioso ciclo, imputa-se aos adotantes a responsabilidade pelo descompasso entre o perfil dos adotantes e adotáveis, pois, segundo a estatística(esta existe?) no Brasil só se quer adotar “bebês, meninas e brancas, etc, etc”

Paulo Marcelo

Um comentário:

  1. Concordo fala-se muito e pouco é feito realmente,até isso vai continuar,essa demora é criminosa já que se trata da vida dessas crianças

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